Crucifixo de São Damião foi pintado no século XII por um desconhecido artista da Úmbria, região da Itália. A pintura é de estilo romântico, sob clara influência oriental: o pedestal sobre o qual estão os pés de Cristo pregados separadamente; e de influência siríaca: a barba de Cristo; a face circundada pelo emoldurado dos cabelos; a presença dos anjos e cruz com a longa haste segurada na mão, por Cristo (só visível na pintura original), no alto, encimando a cruz.
O TAU é a última letra do alfabeto hebraico. Com significado simbólico já era usado como sinal da salvação e do amor de Deus para com os seres humanos.
O TAU aparece nas Sagradas Escrituras no livro do profeta Ezequiel, quando Deus ordena o seu anjo assinalar a fronte dos servos de Deus com este sinal de salvação: “O Senhor disse: passa no meio da cidade, em meio a Jerusalém e marca com o TAU a testa dos homens que gemem e choram.” (Ez 9,4).
O TAU é, com efeito, sinal de redenção. É sinal exterior da nova vida marcada com o selo do Espírito Santo no dia de nosso Batismo.
O TAU foi imediatamente usado pelos cristãos. Encontramos o sinal gravado nas paredes das Catacumbas Romanas, representando a Cruz sobre a qual Jesus se imolou para a salvação do mundo.
São Francisco de Assis, pela semelhança que o TAU tem com a cruz, amou-o de tal forma que ocupou um lugar especial em sua vida e em seus gestos.
Para Francisco o sinal profético do TAU sublima, atualiza e alcança valor de salvação; ele mesmo se sente salvo mediante o amor e a misericórdia do Cristo que entrega sua vida por todo criado. O amor que Francisco sentia por este signo nasceu da apaixonante contemplação da Cruz, que o fez valorizar a humildade e a missão de Cristo, que na Cruz demonstrou a toda humanidade a maior prova de seu amor. O TAU era primordialmente para Francisco o sinal concreto de sua salvação e da vitória de Cristo sobre o mal.
O TAU tem uma profunda tradição bíblico-cristã. Francisco compreendeu de tal modo seu profundo valor espiritual e de forma tão radical o fez seu, que, através das chagas, chegou a ser o TAU vivo que ele havia contemplado e amado constantemente.
O TAU usado por Francisco como sua própria assinatura pode ser visto no autógrafo da benção dada a frei Leão em um bilhete, que pode ser venerado na sala das relíquias da Basílica de São Francisco em Assis.
O TAU enquanto sinal concreto de uma devoção cristã é, sobretudo, um compromisso de vida no seguimento de Cristo pobre e crucificado.
O TAU, portanto, deve recordar-nos uma grande verdade cristã: nossa vida, salva e redimida pelo amor de Cristo Crucificado, deve ser, cada dia mais, vida nova de entrega e amor a Deus.
Vivamos a espiritualidade franciscana levando conosco o sinal do TAU, dando razão à esperança que nos chega por meio dele e deixando-nos reconhecer como seguidores de Cristo nos passos de Francisco de Assis.