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São Maximiliano

O sentido do sofrimento

Um martírio contínuo
São Maximiliano Kolbe em todo o seu percurso terreno experimenta a verdadeira dimensão do sofrimento. Ele é conhecido particularmente pelo martírio vivido no campo de concentração de Auschwitz. Todavia, este evento representa apenas a apoteose de um caminho doloroso que ele oferece por Cristo, pela Igreja, pelos irmãos e pelo Reino, segundo um estilo caracterizado pelo contínuo dom de si mesmo.
João Paulo II, falando aos frades franciscanos conventuais em formação assim se exprime:
Caríssimos jovens! A vós foi confiada a mensagem sempre atual que São Maximiliano confirmou com o sacrifício supremo. “Todas as gerações – ele observava – devem acrescentar o próprio esforço e os próprios frutos àqueles das gerações precedentes... E nós, que coisa acrescentaremos? Agora se abre a segunda página da nossa história: quer dizer, introduzir a Imaculada no coração dos seres humanos, para que Ela construa neles o trono de seu Filho, conduza-os ao conhecimento d’Ele e os inflame de amor pelo Sacratíssimo Coração de Jesus”. É um programa denso que envolve a vida inteira. Isso é confiado às vossas energias e ao vosso empenho. Saibais amar a Imaculada, para que ela voz conduza ao Filho. Para Ela, e com sua ajuda, podereis superar as inevitáveis dificuldades que encontrareis em vosso caminho. Com Ela, vos será dado depositar no coração de cada pessoa a semente de Cristo, centro e fim de toda existência. Invocai-a, portanto, com confiança e ternura, para que possais também vós, como São Maximiliano Kolbe, serdes testemunhas verazes do amor de Deus para toda pessoa.
As fadigas e provações de cada geração são precursores dos frutos para os homens do futuro. É este o pensamento de padre Kolbe retratado pelo papa, seu conterrâneo, o qual faz desta expressão um verdadeiro e próprio programa de vida para evidenciar como, ainda que dolorosa, a dimensão do trabalho é motivo de bem para a santificação pessoal e para o progresso espiritual de todos os irmãos. A Imaculada, segundo o Pontífice polaco, ajuda, protege e sustenta a via dolorosa dos fiéis, para que possam sempre expressar um testemunho luminoso de fé e de vida evangélica.
O mistério do sofrimento é um tema dominante na experiência espiritual de São Maximiliano, a ponto de o teólogo Jesús Castellano Cervera realizar uma sugestiva aproximação entre o mártir polonês e o místico São João da Cruz, evidenciando como também o primeiro experimenta tempos de “noite escura”, caracterizada pelas situações prolongadas de sofrimento físico e espiritual, assim como o santo carmelita. A fase das purificações em Kolbe, segundo este autor, corresponde, sobretudo, à dupla internação por tuberculose no sanatório de Zakopane. (de 11 de agosto de 1920 a 29 de abril de 1921 e de 18 de setembro de 1926 a 13 de abril de 1927). Neste período, ele é obrigado a viver fora da casa religiosa para se curar: jovem e promissor sacerdote, experimenta um momento de prova muito difícil. O sofrer do religioso franciscano, portanto, reveste corpo e interioridade e se revela certamente muito duro, mas constitui um esplêndido pressuposto para uma missão e uma vida mística que, exatamente na dor, se refinam e reforçam. Ele havia se consagrado à Imaculada, tinha oferecido sua disponibilidade para evangelizar, mas devia ficar forçosamente estacionado. Acolhe com paciência esse empenho, oferecendo-o a Deus com amor. Este é um momento fundamental para Maximiliano: depois desses períodos de vida oculta forçada é que se desenvolve o extraordinário apostolado que o torna célebre. Vive a cruz com confiante abandono à vontade divina, propondo-se, entre outras coisas, a máxima glória de Deus e a salvação das almas, graças à oferta mesma da sua dor física e espiritual. As recuperações, além das dúvidas sobre sua sobrevivência, são motivo de purificação de toda vanglória e orgulho, sempre à espreita quando se realizam imponentes obras missionárias e interiores e um saudável destaque diante da comunidade religiosa pelo seu apostolado, que se desenvolve, acima de tudo, como jornalista. Trata-se de um asilo assaz penoso, que exprimem uma renúncia que prenuncia os grandes dons de Deus.
De fato:
depois da fase da “noite”, vem aquela do apostolado maduro e “meteórico” do mártir polonês. Por um decênio, padre Kolbe se destaca pela fundação da Cidade da Imaculada, pela missão no Japão e por uma atividade incansável ao propor em todo o mundo o Cavaleiro da Imaculada. É um tempo de grande trabalho apostólico sustentado por uma oração incessante. É o tempo da maturidade do apóstolo, da fecundidade da paternidade espiritual, do mistagogo que direciona à santidade os confrades e os fiéis. A vida divina se desenvolve nele de um modo incontido, totalizante e isso abunda no seu ser valiosíssimo apóstolo da Imaculada.
Toda a vida de São Maximiliano é marcada pelo mistério da cruz: a tensão para o martírio é uma constante da sua existência, que “abraça” os dois conflitos mundiais. A infância e a juventude do padre Kolbe são caracterizados pela morte dos irmãozinhos e pela pobreza da família, obrigada a indizíveis sacrifícios pela sobrevivência. O pequeno Raimundo participa da imensa dor dos que quer bem, inaugurando assim o caminho martirial que em Auschwitz chegará ao cume. Também a vida franciscana lhe reserva momentos de dor e de prova. Frei Maximiliano, desde o período da formação, demonstra ser um autêntico pioneiro no estilo e na missão franciscana. A Milícia da Imaculada (M.I.), o Cavaleiro e a Cidade da Imaculada são a resultado da sua natural inspiração e da extrema docilidade às moções do Espírito Santo. Essas coisas nem sempre são acolhidas de bom grado pelos superiores e confrades, os quais, com frequência, mostram-se fechados às novidades sobrenaturais, criando certa amargura e desilusão. Todavia, ele prossegue sereno, seguro e perseverante, certo de que é a cruz a purificar e abençoar cada atividade que procede por inspiração do Altíssimo. Além disso, deve ser levado em consideração o sofrimento físico causado pela sua frágil condição de saúde, que o levam a uma permanência no sanatório. Ele enfrenta a humilhação, a dor física e moral, e, ao mesmo tempo, sustenta na fé os seus companheiros. Alcança, assim, de cruz em cruz, a maturidade do martírio em Auschwitz, representado por uma morte heroica. O caminho terreno de São Maximiliano é “encharcado” de grandes sofrimentos. O esplendor do testemunho deste santo reside no fato de que ele soube transformar a dor em dom de si, em oblação a Deus e em generosa oferta aos irmãos: o seu testemunho é um harmonioso gastar-se na caridade, sustentado e abençoado pelo amor materno da Imaculada.