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São Maximiliano

Cartas e Pensamentos

Cartas


I) Do zelo apostólico que se deve ter ao procurar a salvação e santificação das almas


Muito me alegra, caro irmão, o zelo que te inflama na promoção da glória de Deus. Pois observamos com tristeza, em nossos tempos, não só entre os leigos, mas também entre os religiosos, a doença quase epidêmica que se chama indiferentismo, que se propaga de várias formas. Ora, como Deus é digno de infinita glória, nosso primeiro e mais importante ideal deve ser, com nossas exíguas forças, lhe darmos o máximo de glória, embora nunca possamos dar quanto de nós, pobres peregrinos, ele merece. 

Como a glória de Deus resplandece principalmente na salvação das almas que Cristo remiu com seu próprio sangue, o desejo mais elevado da vida apostólica será procurar a salvação e santificação do maior número possível. E quero brevemente dizer-te qual o melhor caminho para este fim, isto é, para conseguir a glória divina e a santificação de muitas almas. Deus, ciência e sabedoria infinita, sabendo o que, de nossa parte, mais contribui para aumentar sua glória, manifesta-nos a sua vontade, sobretudo, pelos seus ministros na terra.  

É a obediência, e ela só, que nos indica a vontade de Deus com evidência. O superior pode errar, mas não é possível que nós, ao seguirmos a obediência, sejamos levados ao erro. Só poderia haver uma exceção se o superior mandasse algo que incluísse – mesmo em grau mínimo – uma violação da lei divina; pois, neste caso, o superior não seria fiel intérprete de Deus. 

Só Deus é infinito, sapientíssimo, santíssimo e clementíssimo, Senhor, Criador e Pai nosso, princípio e fim, sabedoria, poder e amor; tudo isso é Deus. Tudo que não seja Deus só vale enquanto se refere a Ele, Criador de tudo e Redentor dos homens, último fim de toda a criação. É ele que nos manifesta a sua adorável vontade por meio daqueles que o representam, e nos atrai a si, querendo, deste modo, atrair por nós outras almas, unindo-as a si em amor cada vez mais perfeito. 

Vê, irmão, quão grande é, pela misericórdia divina, a dignidade de nossa condição! Pela obediência com que ultrapassamos os limites de nossa pequenez e conformamo-nos à vontade divina, que nos dirige com sua infinita sabedoria e prudência, a fim de agirmos com retidão. Pode-se até dizer que, seguindo assim a vontade de Deus à qual nenhuma criatura pode resistir, nos tornamos mais fortes que tudo. 

Esta é a vereda da sabedoria e da prudência, este é o único caminho pelo qual possamos dar a Deus maior glória. Pois, se existisse caminho diferente e mais alto, certamente Cristo no-lo teria manifestado com sua doutrina e exemplo. Ora, a divina Escritura resumiu a sua longa permanência em Nazaré com estas palavras: E era-lhes submisso (Lc 2,51), como nos indicou toda a sua vida ulterior sob o signo da obediência, mostrando que desceu à terra para fazer a vontade do Pai.  

Amemos por isso, irmão, amemos sumamente o amantíssimo Pai celeste, e deste amor seja prova a nossa obediência, exercida em grau supremo quando nos exige o sacrifício da própria vontade. Não conhecemos, para progredir no amor a Deus, livro mais sublime que Jesus Cristo crucificado. 

Tudo isso conseguiremos mais facilmente pela Virgem Imaculada, a quem a bondade de Deus confiou os tesouros da sua misericórdia. Pois não há dúvida que a vontade de Maria seja para nós a própria vontade de Deus. E, quando nos dedicamos a ela, tornamo-nos em suas mãos como instrumentos, como ela própria, nas mãos de Deus. Portanto, deixemo-nos dirigir por ela, ser conduzidos por ela, e sejamos calmos e seguros por ela guiados: pois cuidará de nós, tudo proverá e há de socorrer-nos prontamente nas necessidades do corpo e da alma, afastando nossas dificuldades e angústias.

(21 de abril de 1919)

II) Sobre a missão em Nagasaki


Querido irmão, dei uma olhada à minha volta e fiz o que era mais urgente e, assim, hoje, domingo, ponho-me a escrever-te estas poucas palavras. Para dizer a verdade só me molesta um zumbido de um mosquito e sinto ainda uma dor na mão esquerda, onde ele me picou, mas também isso ofereço para a Imaculada. De noite, se se quer dormir sem ser despertado pelos mosquitos, é necessário cobrir até mesmo o rosto, mas aí dificulta pra dormir, pois faz muito calor e se sua muito, também isso é para a Imaculada, a fim de conquistar o maior número de almas para ela.

Felizmente a Imaculada nos conduziu a Nagasaki. O trem parte de Varsóvia às 7h30 e, depois de exatos 12 dias de viagem, chega-se à também às 7h30 em ponto: o trem passa pela Sibéria, Manchúria e Coreia; 8 horas de barco de Pusán a Shimonoseki; depois de novo de barco, mas por menos tempo, de Shimonoseki a Mogi; e, por fim, novamente de trem, de Mogi a Nagasaki.

A Coreia era para mim um país completamente desconhecido, dado que ao ir para a Polônia, não havia passado por ali, mas por Shangai, porque tinha que resolver um problema relativo àquele posto avançado, motivo pelo qual havia escolhido o caminho mais breve, por Dairen, Mukden e Sibéria. Envio-te, pois, algumas imagens deste país. As primeiras seis vistas são paisagens rurais; as outras reproduzem algumas cidades, sobretudo Pusán e Shimonoseki.

A paisagem era tão encantadora que dificilmente se podia desviar o olhar, mas em Pusán, ao termo da viagem através de toda a Coreia, tivemos uma surpresa desagradável. Contando com as quatro horas de espera entre a chegada do trem e a saída do barco, queria celebrar a santa missa, mas ninguém sabia da existência de uma Igreja Católica em Pusán, embora se trate de uma grande cidade; finalmente, em um posto de polícia nos informaram que na cidade havia seis igrejas, mas todas protestantes; em toda a Coreia as igrejas católicas são apenas três.

Quando a Imaculada também assumirá o domínio deste magnífico país e introduzirá nele o Reino de seu Filho?

(31 de agosto de 1930)

III) À Sede primeira da M.I., em Roma

Caríssimos irmãos:

A causa da Imaculada, defendida, desenvolvida e propagada pelos nossos confrades desde o começo de nossa Ordem Seráfica, é, por este motivo, causa nossa e não podemos abandoná-la.

Vocês, queridíssimos irmãos, fazem muito bem, enquanto estão no colégio, em cuidar da causa da Imaculada em si mesmos e nos que os rodeiam, porque dessa maneira se preparam para ganhar em um futuro bem próximo muitas almas para Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da Imaculada, Mediadora de todas as graças, e exclusivamente por meio dela.

Na Milícia da Imaculada é preciso distinguir duas coisas: a essência e os acidentes. À essência não pertence uma ou outra forma de organização, mas a consagração de si mesmos à Imaculada, uma consagração incondicional e ilimitada. Um amor à Imaculada que chega até difundir-se para fora de si, a fim de que também as almas dos que nos rodeiam se inflamem deste amor, quer dizer, sejam conquistadas para a Imaculada.

Certa forma de organização é, sem dúvida, boa e útil, seja a de “Pia União” ou de “Associação” ou qualquer outra; no entanto, alguém pode ser um fervoroso mílite da Imaculada mesmo sem nenhuma forma de organização. Evidentemente, se alguém não cumpre com as formalidades necessárias para pertencer à “Pia União”, não pode ganhar as indulgências; não obstante, é claro que as indulgências não constituem em absoluto uma parte essencial da M.I.

A Imaculada quis, além disso, instituir a Sede Primeira da M.I. no Colégio Seráfico Internacional, para que os jovens de toda a nossa Ordem tenham ocasião de conhecer a M.I. e colaborar, dentro dos limites de suas possibilidades, de sua difusão.

Na Polônia, a Imaculada quis erigir um Centro mais completo, já que possui a forma de um convento. Entre os meios de que se serve, a gráfica é o mais desenvolvido; agora, entretanto, desde a festa da Imaculada, começou a funcionar também uma estação radiotransmissora. Para o momento, é bem fraca, mas dentro de alguns meses sua potência será quadruplicada uma primeira vez e, mais a frente, uma segunda vez: no total será potenciada 16 vezes. Transmite na frequência 41,2 e a transmissão – atualmente só aos domingos – dura uma hora.

Para concluir, peço-lhes uma oração, para que a Imaculada se digne desenvolver cada vez mais sua obra, tanto em Roma como na Polônia e em qualquer parte da terra, apesar de nossas fraquezas. No Pai São Francisco.

(13 de dezembro de 1938)


IV) Carta à sua mãe para tranquilizá-la quando ele foi preso no campo de concentração


Minha amada mamãe,

Em fins de maio cheguei em um comboio ferroviário ao campo de concentração de Auschwitz (Oswiecim).

Aqui está tudo bem. Amada mamãe, fique tranquila com relação a mim e à minha saúde, porque o Bom Deus está em todas as partes e com grande amor pensa em todos e em tudo.

Seria conveniente que não me escrevesses antes que eu te mande outra carta, porque não sei quanto tempo ficarei por aqui.

Com saudações cordiais e beijos.

(15 de junho de 19

Pensamentos

“Deus, que nos deu uma vontade livre, quer que O sirvamos livremente como instrumentos, ajustando a nossa vontade à Sua, do mesmo modo que sua Santíssima Mãe quando diz: ‘Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a sua palavra’.”

                    “Deus não apenas sabe e pode, mas, especialmente pela Imaculada, faz o que é melhor para ti e para os outros”.

                    “Imita o que vês de bom nos outros”.

 “Na união do Espírito Santo com Maria, o amor não une apenas estas duas Pessoas, mas o primeiro amor é todo o amor da Santíssima Trindade, enquanto o segundo, o de Maria, é todo o amor da criação e, assim, em tal união, o Céu une-se à terra, todo o Amor Incriado com o amor criado… É o vértice do amor”.

                    “Ninguém no mundo pode mudar a verdade. O que podemos fazer é procurá-la e servi-la quando a tenhamos encontrado”.

                    “A expressão ‘Faça-se em mim’ deve ressoar constantemente nos nossos lábios, pois entre a vontade da Imaculada e a nossa deve existir uma harmonia completa. Então que devemos fazer? Deixemo-nos conduzir por Maria e nada teremos a temer”.

“Pode ter mais méritos o ardor em pouco tempo do que o serviço medíocre a Deus durante muitos anos”.

                    “A lembrança do céu deve estimular-te a grandes virtudes”.

 “Da maternidade divina promanam todas as graças concedidas à santíssima Virgem Maria e a primeira delas é a Imaculada Conceição”.

                    “Deus vê a mais perfeita criatura, a Imaculada (cheia de graça), ama-A e assim nasce Jesus, Homem-Deus, Filho de Deus e Filho do homem. N’Ela, depois, têm início os graus de semelhança dos filhos de Deus e dos homens, dos membros de Jesus”.

 “O ódio não é uma força criativa: somente o amor o é”.

 “Não é possível derramar mais água numa taça já cheia; assim também Deus não pode verter as suas graças numa alma cheia de distrações frivolidades.”

 “O fruto do nosso apostolado depende da oração. Se falamos de oração, não se deve entender que seja preciso ocupar muitas horas em estar de joelhos e em oração, mas que sejam feitos atos interiores”.

“Conquistar o mundo inteiro para Cristo pela Imaculada!”

“A Imaculada: eis o nosso ideal!”

“Quando, durante o combate espiritual, as forças te abandonem, recorda-te da Cruz e do paraíso: do sofrimento de Jesus por amor de ti e do lugar preparado para ti no paraíso”.

“Sê fiel nas pequenas coisas, já que abandoná-las, ou não observá-las, ou colocá-las em prática de modo inexato leva à frieza, da qual é quase impossível levantar-se”.

“Não abandones nunca a meditação. Quando não podiam fazê-la durante o dia, os santos meditavam durante a noite e por isso converteram a muitas pessoas”.

“Sê sereno: abandona-te totalmente nas mãos da Misericordiosa Providência Divina, ou seja, da Imaculada, e fica tranquilo; cumpra serenamente a vontade de Deus”.

“Ama a Deus, ama-o com atos, faze-lhe o dom de ti mesmo, de todos e de tudo; permanece sempre com Ele, pelo recolhimento, já que também ele faz assim”.

“A santa comunhão é o alimento. Uma só santa comunhão basta para fazer-nos santos. Tudo depende da disposição interior, da preparação. Dedica metade do dia à preparação e a outra metade à ação de graças!”

“Às vezes, uma comunhão espiritual leva consigo as mesmas graças que a sacramental. Nas dificuldades, repete constantemente: ‘Meu Deus e meu Tudo’.”