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São Francisco de Assis

Vida Franciscana Conventual

Os Franciscanos Conventuais
Dom Frei Fernando Mason, OFM Conv.


O ESTILO CONVENTUAL

Assim, da riqueza e da superabundância do carisma do pai São Francisco, começou a nascer uma das mais bem sucedidas maneiras concretas de se viver o espírito franciscano, a conventualidade, muito diferente do estilo monacal em vários sentidos.
O nome “conventual” apareceu em 1249-50 para identificar aquelas comunidades de frades que moravam em conventos, inseridas nas cidades, dedicadas aos estudos e ao trabalho apostólico, em igrejas chamadas conventuais e que valorizavam imensamente a fraternidade desejada por São Francisco de Assis como característica de sua Ordem.
Do processo acima mencionado surgiram nos séculos XIII e XIV, os grandes conventos e as artísticas basílicas, entre elas as de São Francisco, em Assis, e a de Santo Antônio, em Pádua, como centros de espiritualidade, de atividades litúrgicas e pastorais. Como disse o próprio São Boaventura, Ministro Geral da Ordem, conventos e igrejas eram mais apropriados para que os fades vivessem “entre os homens, a fim de estarem mais prontamente presentes a eles quando pedem penitência, doutrina e aconselhamento para a salvação” e mais aptos “a uma devoção maior, a uma vida mais ordenada, ao ofício divino mais bonito, a uma melhor formação dos noviços, ao estudo da teologia”. De fato nesses conventos é que se tornou possível o estudo aprofundado da teologia e das outras ciências sagradas, fazendo nascer os famosos centros franciscanos de estudos teológicos de nível universitário, entre os quais Oxford, Cambridge, Paris, Bolonha, Pádua, etc. Havia, sem dúvida, perigos de desvios em tal evolução global e profunda da Ordem, perigos que poderiam ameaçar não somente a praxe da pobreza franciscana, mas, sobretudo, a fraternidade no seu autêntico e original significado franciscano.
E foi por causa desses perigos e desvios que surgiu a primeira grande controvérsia franciscana, entre os frades “Espirituais” e os frades da “Comunidade”.
Alguns franciscanos que se deram o nome de “Espirituais” (uns 200 frades no momento de maior expansão numérica, sobre cerca de 30.000) começaram a dar importância absoluta às questões da pobreza material. Esses frades “Espirituais” eram também fortemente influenciados pelas ideias heréticas do monge Joaquim de Fiore, fato que complicou ainda mais a situação.
Surgiu assim um conflito insuperável entre a comunidade conventual animada pela criatividade e pela inserção na vida de seu tempo e este grupo de religiosos, estáticos e tomados pelo profetismo escatológico. Foi um clássico exemplo daquelas “virtudes enlouquecidas” de que fala G. K. Chesterton em sua biografia de São Francisco, virtudes valorizadas de forma desarticulada do conjunto da fé cristã.
Aconteceu então um desequilíbrio prejudicial: em nome da pobreza, a fraternidade foi golpeada e minada em suas raízes, quebrando a unidade da Ordem e a comunhão eclesial. Em 1318, os Espirituais foram declarados heréticos pela Igreja, dando origem a diversos grupos de “Fraticelli”, separados da Ordem e da Igreja.
Contemporaneamente a estes acontecimentos, a Ordem franciscana viveu uma das experiências mais empolgantes da sua história. Os missionários franciscanos dirigiram-se ao norte da Europa, recentemente cristianizado, ao Leste Europeu e ao longínquo oriente, à China. Para lá se encaminharam, frei João Pian del Carpine, frei Guilherme de Rubruk e o beato frei Odorico de Pordenone, que nos deixaram por escrito o relato de suas viagens, e ainda frei João dei Marignolie o grande frei João de Montecorvino. A atividade apostólica e missionária deste último foi tão intensa que, ao longo de seus 34 anos de missão, fez a tradução dos Salmos e de todo o Novo Testamento para o chinês, erguem em Pequim e nas redondezas cinco igrejas, dois orfanatos e um seminário, onde ele próprio ensinava latim, liturgia e canto.


Os Franciscanos Conventuais na América Latina

A Presença Franciscana Conventual no Brasil
Os franciscanos foram os primeiros missionários a pisarem o solo da Terra de Santa Cruz. Na esquadra de Pedro Álvarez Cabral, entre os tripulantes havia oito Frades Franciscanos chefiados pelo Capelão-mor Frei Henrique de Coimbra, que naquela época era guardião do Convento de Alenquer em Portugal, convento que aceitara bem a reforma observante disseminada em toda a Ordem.
Quanto aos Frades Menores Conventuais, identificados com este nome a partir de 1517, poucas são as informações que falam da presença destes na colonização do Brasil. Ao longo do século XVI apresenta-se um verdadeiro silêncio nas fontes históricas. Os historiadores expressam-se genericamente afirmando que eram franciscanos. Eles falam das expedições e dos missionários, na maioria das vezes usam termos como "franciscanos, minoritas, frades menores, províncias, capuchos", sem apontar se são ministros ou vigários e, portanto, pertencentes aos Conventuais, Observantes ou Alcantarinos, sem especificar cada uma das famílias franciscanas que trabalharam na colonização do Brasil.
Na maioria, são os historiadores que preferem não entrar na floresta das ramificações franciscanas. Por esta razão não é possível dar uma resposta satisfatória "ainda" sobre a contribuição Franciscana Conventual na evangelização do Brasil. Recentemente os historiadores debruçados nas Crônicas da Ordem encontraram descrições de presenças esporádicas de Conventuais passados à reforma Alcantarina no Brasil, uma vez que a fundação da Custódia de Santo Antônio em Olinda, Pernambuco, foi obra da Província Conventual de Santo Antônio de Lisboa de Portugal.
Além disso, a Ordem foi extinta em Portugal e na Espanha em 1567 e, assim, os Franciscanos Conventuais foram impedidos durante séculos de se estabelecer na América Latina. Invocando as leis supressoras da mãe-pátria, foram esquecidas tentativas bem sucedidas de implantação da Ordem nas “Novas Índias” e no Peru.
Devido a esses e outros motivos históricos, a presença permanente e eficaz da Ordem em terras latino-americanas aconteceu somente no século XX, graças ao reflorescimento da Ordem e do renovado espírito missionário que despertaram diversas iniciativas de solidariedade eclesial para com a Igreja presente na América Latina. No início dos 1900’s, houve duas tentativas frustradas de implantação da Ordem, uma da Província de Gênova em Honduras e outra da Província de Roma em Minas Gerais. Até que surgiram as primeiras fundações que deram frutos:

Custódia Provincial Imaculada Conceição
Fundada em 1946, pela Província Imaculada Conceição dos Estados Unidos, é a mais antiga jurisdição conventual na América Latina. Os primeiros missionários chegaram a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde se instalaram; eram eles frei Fintan Kelty, frei Xavier Scheridan e frei Sixto Patrik. A Custódia está presente no Estado do Rio de Janeiro: Araruama, Costa Barros, Paraíba do Sul, Petrópolis e na capital e, em Minas Gerais, nos municípios de Andrelândia e de Juiz de Fora.

Província São Francisco de Assis
Fundada em 1949, pela província de Santo Antônio de Pádua, os primeiros frades que chegaram, frei Vitório Valetini e frei Marino Temporin, se instalaram em Santo André, no ABC paulista. Logo foram seguidos de várias levas de frades vindos da Província de Pádua e também de outras províncias italianas. A Província São Francisco se espalhou para o Sul do país, no Estado do Paraná: Curitiba, Cascavel e Guaraniaçu, e também para o Nordeste, nas cidades de Salvador e Itaberaba, ambas na Bahia. Ainda em São Paulo, a Província abriu conventos em Caçapava, Ubatuba, Mogi das Cruzes, São Bernardo do Campo e Santa Bárbara D’Oeste. Em Santo André, situa-se a Sede da Província e da revista e editora O Mensageiro de Santo Antônio, a creche Cidade dos Meninos Maria Imaculada, o Centro de Convivência Franciscana e o Centro Vocacional. Em São Bernardo funciona a Rádio Imaculada Conceição e a revista O Mílite, em colaboração com as Missionárias e os Missionários da Imaculada – Padre Kolbe. Em Curitiba, tem-se a casa de retiros São Francisco de Assis e a sede da Escola em Busca do Ser. Em Mogi, atende-se a paróquia, a comunidade nipo-brasileira e uma escola infantil, graças à presença de dois frades vindos do Japão e de irmãs também de descendência japonesa. E, na Bahia, a Província atua em pastorais sociais e paroquiais.

Custódia Provincial São Boaventura
A missão do Maranhão, aberta em 1968 e fundada oficialmente em 1969, surgiu na perspectiva de um serviço missionário numa das regiões mais pobres do nordeste brasileiro, na diocese de Viana. Os pioneiros foram Frei Luiz D’Andréa, hoje bispo, Frei Mário Palone, Frei Eduardo Rossi e Frei Antônio Sinibaldi, falecido para salvar alguns jovens num naufrágio, tendo seu túmulo ainda hoje venerado em São Luís. Todos eram provenientes da Província Romana Itália. No ano seguinte, foi aberta uma casa em São Luís, capital do Estado. E mais tarde expandiu-se também para Fortaleza, no Ceará.

Província São Maximiliano Kolbe
A mais jovem das jurisdições conventuais brasileiras foi fundada pelos frades poloneses da Província Imaculada Conceição de Varsóvia em agradecimento a Deus pela beatificação de São Maximiliano Kolbe. Aos 16 de outubro de 1974 desembarcava o primeiro frade no Brasil, frei Agostinho Januszewicz (hoje bispo emérito e missionário no Amazonas), seguido no ano seguinte por mais quatro frades. Ele tinha o encargo de escolher uma região para estabelecer a Missão e encontrou um terreno no município de Luziânia-GO, na vizinhança da Cidade Ocidental, onde está hoje o Jardim da Imaculada e a sede da revista Cavaleiro da Imaculada e das Edições Kolbe, aí também os frades possuem o Colégio Santo Antônio. Ainda em Goiás, há presenças em Águas Lindas de Goiás, Anápolis, Niquelândia, Novo Gama e Valparaíso de Goiás. Os frades fazem-se presentes no Distrito Federal: em Brasília, Sede Provincial e do Instituto Filosófico e Teológico São Boaventura; Ceilândia e Santa Maria. Na Bahia, estão em Candeias e em Feira de Santana; na Paraíba, em João Pessoa; e no Amazonas, em Juruá, em Manaus e em Tefé.

Os Franciscanos Conventuais em outros países da América Latina
A presença conventual se estende para outros doze países latinos, além do Brasil:

1) Argentina/Uruguai: Província Rioplatense Santo Antônio de Pádua (1947 - Província de Pádua, Itália).

2) Bolívia: Custódia Provincial São Francisco de Assis (1976 - Província Santo Antônio de Cracóvia, Polônia).

3) Chile: Delegação Provincial (1995 - Província de Pádua - Itália).

4) Colômbia: Custódia Provincial São Francisco de Assis (1977 - Província Nossa Senhora de Montserrat, Espanha).

5) Costa Rica: Delegação Provincial Nossa Senhora dos Anjos (1946 - Província Imaculada Conceição, EUA).

6) Cuba: Delegação Provincial (2001 - Província das Marcas, Itália).

7) Equador: Delegação Provincial (1995 - Província São Maximiliano Maria Kolbe de Gdansk, Polônia).

8) Honduras: Custódia Maria Mãe dos Pobres (1970 – Província Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, EUA).

9) México: Província Nossa Senhora de Guadalupe (1977 - da Província de Sicília, Itália).

10) Paraguai: Delegação Provincial (1991 - Província Santo Antônio de Cracóvia, Polônia).

11) Peru: Delegação Provincial (1998 - Província Santo Antônio de Cracóvia, Polônia). Dessa missão conventual podem sair os dois primeiros santos conventuais em terras latino-americanas. Dois frades poloneses e um padre diocesano italiano foram martirizados em agosto de 1991 pelo grupo terrorista “Sendero Luminoso”, que lutava pelo poder e queria uma revolução pelas armas. Frei Miguel, frei Zbigniew e o padre Alessandro foram mortos por ódio à fé. O Sendero os acusou de enganar o povo, anunciando a paz e fazendo as pessoas se acomodarem através da recitação do Rosário, da Santa Missa e da leitura do Santo Evangelho, causando dessa forma a aversão do povo da região à revolução violenta e armada. Em 2015, foram proclamados bem-aventurados e reconhecidos oficialmente como mártires, os primeiros do Peru, pelo papa Francisco.

12) Venezuela: Custódia Provincial Nossa Senhora de Coromoto (1978 - Província de Apúlia, Itália).